sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Previsão do tempo para o Brasil e o mundo.


De femininos entendimentos a carência foi formada. Sim, as mulheres são superiores vezes mais carentes que os homens, mas nesse momento não vamos falar sobre uma mulher. É um homem quem vira ansioso para o lado e diz: Ei, me dê atenção!
Que ele pratica quatro diferentes artes marciais, que tem o corpo tatuado, que gosta de brigar todos podem sabem. É quase perceptível quando ele quer. Mas também é gentil. E isso é bom porque a gentileza é uma coisa bastante rara nos dias de hoje. Talvez a auto-ajuda, o individualismo e o não poder levar desaforos para a própria casa tenha feito os homens e a mulheres mais desinteressantes nos dias de hoje.
E ele também é gay desde criança. E foi adotado. E sonha em ser uma grande estrela de filmes de luta com temática homossexual. Dizem por aí que Almodovar adoraria conhecê-lo pessoalmente, mas isso talvez seja um pouco exagerado. O que não é exagero é sua vontade de ser mulher, de sentir como mulher, de olhar para as coisas como mulher. Não tem como. Nasceu homem, mas ensina defesa corporal para um grupo de mulheres de quarenta anos. Elas acham ele tão divertido. Todo gay sofre com isso. É o que se pode chamar de mal do divertimento homossexual alheio. Ou alheio mal de divertimento homossexual. Ou divertimento alheio do mal homossexual. Complicadissíma essa questão. E toda bicha sofre um pouco mais por ser engraçada aos olhos dos outros.
Soube que está machucado. Apanhou. Foi pego de surpresa. Provavelmente está chorando agora, envergonhado, trancado no quarto, enquanto a chuva deixa o calor menos sufocante.

sábado, 14 de novembro de 2009

Sumida Sueli.


Dona Nilza sempre soltava os cachorros no final da tarde. Sentido literal, nada de histerias escandalosas e formidavelmente despeitadas. Não que ela não fosse dada a esses comportamentos tempestuosos. Uma mulher de verdade sempre carrega a tempestade consigo mesma. Confiante.
Os cachorros em questão são duas cachorras. Cachorrinhas. Sandy, uma vira-latas de dez, onze ou doze anos, nunca se recordam ao certo quando a cachorra nasceu, ou apareceu. Sueli, a filhotinha, fruto de um amor escapado de Sandy, concebida num desses finais de tarde. Maternidade tardia, diriam alguns, mas isso não é considerado quando falamos de uma vira-latas, até certo ponto simpática, que não visitou o veterinário uma vez sequer em sua existência canina, que se me permitem os cauculos, já passa bem dos setenta anos.
Sueli é a reencarnação do mal. Isso digo porque não sou desses que se apegam à falta de personalidade do cão para tentar encontrar reflexos de sua própria naquele espelho quadrúpede. É que não gosto de animais. Não os quero extintos, longe disso defensores, não pensem isso de mim, mas nunca consegui entender o porquê de se criar um cachorro. Nem ao menos caço. Sueli não seria uma boa caçadora. Talvez surpreenda. É branquinha, peludinha, com algumas manchinhas pretas pelo corpo. Muito fofa. A fofura é um adjetivo bastante maleável, pode indicar uma espécie de delicadeza fresca e feminina, até mesmo infantil, ou não. É por isso que gosto bastante da ironia. Sueli é fofa. Impressionantemente destrutiva, a julgar pelo seu tamanho e sua fofura. Unhas e dentes para quem os tem.
Aconteceu na terça-feira, soltas pela dona correram na direção da praça que ficava logo na frente da casa. Um mundo de grama, arvores, bancos, jardins, infinitamente maravilhoso com seus cinquenta metros quadrados. Histeria. Corriam sem parar, se mordiam, se lambiam, se mijavam. Dona Nilza sempre esquecia as cachorras ali por uns vinte minutos, o suficiente para se satisfazerem de liberdade.
O que aconteceu também foi que Sandy voltou assim que ouviu o grito indelicado da dona. Mas voltou sozinha. Dona Nilza partiu numa busca imediata pelo quarteirão. Gritou. Sandy foi junto. Latiu.
Nada.
Sandy sofreu a tristeza da perda e sofrerá a tristeza de ser uma velha solitária. Dona Nilza amaldiçoou a família do raptor até a sua décima terceira geração. Sueli provavelmente vai ser mimada pelos novos donos encantados com sua fofura de filhote.Mudarão seu nome. Talvez Fofinha, Tetéia ou Honey.
Que fique aqui registrado meu desconsolo. Quem escolheu esse nome, Sueli, fui eu.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Desabafo daquele que se descobre alegre demais.



Os portugueses de quem mais gosto são tristes. Fernando, José, Florbela. Acho que por isso mesmo sempre quis ser português. Essa tristeza tão bonita que...
Uma tristeza pura, tristeza realmente sentida com toda a dor que se pode sentir. Não sejas mesquinho com a dor, use-a o quanto pode. Dor de sentir-se tão si mesmo. Talvez essa seja ela.
Os portugueses e essa tristeza só deles.
Gosto dos sentimentos exagerados. Não gosto de sentir as coisas de menos.
Acho que sempre sinto as coisas de menos.
Talvez apenas desconheço-me.
Ofertas e promoções de notebook, camera digital, iPod, computadores, etc