Uma vez uma faca me cortou o braço direito um palmo acima do cotovelo.
Era uma grande faca negra.
Uma faca grande e afiada.
Uma faca amarga que me arrancou o braço inteiro.
Meu sangue jorrou longe. Muitos litros de meu sangue.
Um sangue verde de medo e mágoa.
O verde sangue da dor.
Eu senti a dor da faca.
Eu não tenho mais o braço. A dor agora é minha eterna.
É a dor a coisa mais minha.
É a dor da minha vida que me corrói aos poucos me tornando inteiro braço.
Pois essa faca é tua língua.
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