Na Geladeira...
A mãe diz: Guarda isso aí menino!
domingo, 4 de dezembro de 2011
Patrícia? Paola? Maria? Fernanda? Mariana? Tatiana?
E os peitinhos dela eram tão bonitos por baixo daquela blusa verde que até mesmo o velho gay enrustido e amargo que a atendia no balcão do bar se sentiu mais feliz.
- Uma cerveja.
Ele que costuma ser tão seco e afetado tratou a moça com tanta gentileza sincera que se ela o conhecesse não entenderia o que estava acontecendo.
O tempo é desonesto demais. Ele careca. Ele Gordo. Ele enrugado. Ele brocha.
E ela?
Ela virou as costas e o seu perfume doce deixou o velho gay um pouco mais quente. Ele atendeu todos muito solicito aquela noite naquele bar. Quando estava indo embora viu a mocinha aos beijos com um rapaz também jovem, também fresco, também gostoso.
E a bicha dormiu sozinha e feliz sonhando que era uma bailarina.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Da Observação Como Representação do Ser.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
35°C.
O sol.
Sabe aquele sol de não se poder enxergar nada? Aquele que te deixa ofuscado? Que deixa o céu um azul claro de tão claro que é? Aquele que te trinca a pele com sensação de pururuca? Aquele que te oprime quando tens que andar pelo asfalto quente? Aquele que faz com que a brisa seja uma coisa desagradável?
Aquele sol está bem aqui.
De pé, encostada à mesa da cozinha uma mulher espreme laranjas em uma tarde tão quente que parece que o mundo vai ser mesmo eternamente ruim.
Uma menina com os cabelos molhados de suor corre pela cozinha gritando mamãe.
O suco escorre dentro da jarra, amarelo, fresco, uma promessa...
No inferno o capeta pede aos seus que botem mais lenha na fogueira porque anda sentindo um ventinho fresco que pode acabar lhe constipando o peito.
A jarra de suco sua.
A menina tem um bigode amarelo.
A mulher passa uma pedra de gelo pelo pescoço.
O diabo veste uma blusa de lã.
Sim, o sol cozinhou a mente deste pretenso autor.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Canhoto.
Uma vez uma faca me cortou o braço direito um palmo acima do cotovelo.
Era uma grande faca negra.
Uma faca grande e afiada.
Uma faca amarga que me arrancou o braço inteiro.
Meu sangue jorrou longe. Muitos litros de meu sangue.
Um sangue verde de medo e mágoa.
O verde sangue da dor.
Eu senti a dor da faca.
Eu não tenho mais o braço. A dor agora é minha eterna.
É a dor a coisa mais minha.
É a dor da minha vida que me corrói aos poucos me tornando inteiro braço.
Pois essa faca é tua língua.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Pasmado.
- Vem aqui Maria, estão prontos.
E da cozinha o cheiro de bolinhos de chuva invade a casa úmida. Chove sem parar há quatro dias e o frio e a água começam a se infiltrar pelos joelhos dessa avó caprichosa que tão carinhosamente fritou os bolinhos que tão bem acompanham a chuva.
A menina corre sem parar de um lado para outro. É felicidade demais: é o bolinho, a cachorra, os papagaios, a chuva que não para, o agasalho cor-de-rosa. Tudo é extremamente impressionante.
- Vovó...
- Que é?
- Segura meu bolinho aqui. O mosquito foi com o cavalo no mercadinho comprar tetê pra Duda.
- Ah...
A avó observa a menina pelo canto dos olhos.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Exercício Número 1.
- Então é isso?
- Sim.
- Mas... Eu não entendo. Acabou?
- Tudo.
- E a nossa casa, nossa vida? E a nossa história.
- Você fica com a casa, cada um com sua vida e a história é a história.
- Cachorro!
- Não grita, por favor. Não fique mais idiota.
- Idiota? Você não pode fazer isso comigo.
- Posso.
- Eu te amo. Eu sempre fiz tudo por você. Eu me dediquei nos últimos anos à sua vida, eu fiz tudo o que você queria. Eu cuidei de você. Eu... Eu chupei o seu pau. Eu limpei sua merda. Eu... Beijei os seus pés.
- É isso. O problema é que gosto que me batam na cara. Que me cuspam. Eu gosto da sujeira.
O crepúsculo e o céu vermelho. E dos olhos de Bárbara o rio bravo da tristeza escorre formando enxurradas, carregando entulhos, afogando os desavisados, alagando toda a cidade. Todos estão tristes.
terça-feira, 28 de junho de 2011
O Não Acontecido.
Talvez fosse o dia mais frio do ano, e andando pela principal avenida da cidade Gabriel curtia o sol gostoso que estava fazendo na hora do almoço. Nem parecia o meio dia de que todos estavam acostumados a fugir desesperados. E Gabriel com sua carinha de anjo, branco como leite, de cabelos em cachos vermelhos de sangue resolveu se sentar em uma lanchonete para poder comer.
Comeu tranquilo seu sanduíche de pão de gergelim com peito de frango grelhado, com pimentão e alface e mais um pouco de mostarda.
Quando acabou de comer Gabriel saiu da lanchonete e começou a andar devagar pela avenida, a preguiça digestiva praticamente o enfeitiçava, foi quando veio a abordagem.
- Oi tudo bom, posso tomar um pouco do seu tempo?
- O que foi, gostosão?
- É que eu sinto com muita fome, e não tenho grana nenhuma, será que você não podia me ajudar?
- E você vai mesmo comer se eu te der dinheiro?
- Sinceramente não, eu preciso mesmo é de outra coisa.
- Cachaça?
- Não.
- E você faz o que da vida, cara?
- Eu ando pelas ruas... Já tive uma vida diferente, já fui casado. Tenho duas filhas. Eu trabalhava... Mas... Você sabe como é...
- Eu não sei não.
- ...
- Eu só tenho um real.
- Nossa, você me ajudaria demais!
- Mas eu quero pegar no seu pau.
Minutos depois Gabriel e o rapaz desconhecido se despedem, cada um com o que queria, mas carregando uma imensa sensação de total indiferença, afinal, o nada sempre está a espera de novas vítimas.
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