domingo, 30 de setembro de 2007

Descontrole.




O dia extremamente quente de um sol branco demais talvez deixasse os seres desnorteados, fora de sua rota usual. Talvez...
O caminhão preto anda na estrada com toda a velocidade possível. A carga inflamável da um toque de mais calor nesse dia já bastante quente. A estrada é quase deserta. Os motoristas não querem se arriscar nesse dia quase aziago. O caminhão preto vai sozinho, reto.
Um jovem saiu de casa e está nessa mesma estrada. Vai pra casa dos pais da namorada numa cidade vizinha. Conhecer a família da moça que vai ser sua futura noiva. Vai frustrado. É gay, não suporta a feminilidade da namoradinha perfeita cozinheira. Ela até borda ponto-cruz. Ele prefere imaginar o porteiro do prédio onde mora só num apartamento, que ele acredita que sorri diferente quando o vê passando.
O carro se aproxima do caminhão preto com placa de carga inflamável. Seria um cruzamento normal. Dois carros que passa um pelo outro numa estrada quase deserta num dia em que o calor assusta até mesmo as cobras. Nada é normal.
O caminhão se joga conta o carro. A carga explode e tudo vira uma fogueira de São João. O caminhoneiro também era frustrado. Sonhava em ser floricultor. Sempre teve uma alma delicada. Cansou-se da grossura de ser caminhoneiro. Resolveu acabar com a própria vida, mas não queria ir só.
Os dois carros ardem e os dois corpos também. O calor é insuportável.

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