“O final é sempre vitória.”
Essas eram as palavras do pastor evangélico que saiam altas das caixas de som da televisão.
Kátia cozinhava. Macarrão. É mais fácil e mais rápido. Depois de um dia cansativo de trabalho era o melhor a se fazer. A cama era a necessidade mais urgente.
O pastor começa a falar em uma língua desconhecida.
Kátia está com os cabelos molhados, uma camiseta grande, branca, velha e nenhuma lingerie. Os seios enormes salientam-se desesperadamente para o horizonte. Grandes e redondos dois melões amarelos apodrecem na fruteira esquecida num canto da cozinha.
Foram oito programas à vinte reais. Noite boa, amanhã talvez não tenha que trabalhar. Mas sempre vai. Ela gosta.
“Nosso deus não faz acepção de pessoas.”
O que é acepção? A dúvida tem pouco tempo de duração. O pastor explica que o deus dele não exclui ninguém.
Mentira. O travesti, originalmente chamado Lauriston da Costa Duarte, hoje Kátia Sabattinni vai arder no inferno. Antes vai morar em Milão.
Grandes bolas de fogo começam a cair do céu.