terça-feira, 26 de outubro de 2010

Paula e a Barriga.


"Amigo, eu amo! Ele é lindo!"
"De novo?"
"Amigo, eu sofro demais. Acabou."
"De novo?"
Semana após semana.
"Amiga, quando eu crescer quero ser como você."
O tempo e as circunstâncias as vezes nos afastam das pessoas que mais nos são caras. Claro que essa importância só é descoberta depois do afastamento. Quando próximos, algumas vezes estamos tão próximos que não conseguimos enxergar nossos laços. Quando distantes sentimos os mesmos nos puxando em direção ao objeto de adoração.
Os amigos.
Depois de uma estranha chuva que caiu durante toda a noite amanheceu um dia de sol branco, um céu azul, e uma canção triste no rádio.
"Amigo, estou grávida!"
Assim mesmo, de longe, é que esse amigo recebeu essa notícia e o abraço, fundamental nesse momento, só existe em pensamento.

sábado, 23 de outubro de 2010

Os namorados.


Os cabelos castanhos de Gabriela balançavam com o vento que entrava da janela. O céu escuro, o tempo frio e a água do café quase fervendo. Quando a chuva começou o cheiro de café invadia o apartamento.
Quanto mais André corria mais forte a chuva ficava e os relampagos e trovões nem sequer o assustavam. Corria porque não queria se molhar mas de nada isso adiantava mas quanto mais corria mais queria correr e se entregou ao desespero histérico de quem foge.
Era só uma chuva, não custava esperar embaixo e uma marquise ou dentro de alguma loja, não custava pedir abrigo que ninguém seria desumano demais para lhe negar, mas era o prazer, a roupa colada, a água escorrendo pelos olhos, pelo pescoço. Eram as pernas ageis, flexíveis, céleres que o levavam. Era quase um gozo.
Foi correndo e não viu quando o carro veio.
A enchurrada escorreu manchada de vermelho por alguns minutos.
Gabriela de tanto esperar acabou cochilando no sofá. A xícara suja de café está no chão.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Moby Dick e a Autoestima.


A toalha cor de rosa está jogada em cima da cama. pela janela aberta entra uma brisa morna, calma. Sentada de frente à penteadeira ela se penteia.
Um seio está coberto pelos longos cabelos castanhos, o outro, à mostra, se exibe sem pudor. Ela está só em seu quarto.
Pelas costas escorre uma gota de água, que safada, vai se perder no meio de sua bunda.
Ela é toda branca.
Ela se penteia.
Quando passa pelas ruas os homens viram a cabeça, e incontroláveis, algumas vezes gritam:
Gorda!
Ela pesa cento e vinte quilos e não se abala.
Volta a cabeça para o lado e sorri sensual.
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