terça-feira, 7 de junho de 2011
De Uma Moça Feia Trabalhando Em Uma Tarde De Vento.
E o sol batia de frente com os vidros da vitrina. E fazia arder os olhos da moça sentada no balcão a espera de algum cliente. Ninguém aparecia e a tarde passava devagar.
Ela é magrinha demais, quase que emborcada, moreninha, com uma cara de que está sempre assustada. Pintou os cabelos de louro. A Beyoncé também tem os cabelos louros e ela achou que até podia ficar parecida. Não ficou. Ficou mais feia.
E a tarde passa devagar.
E para não dizer que nada acontece hoje o vento está forte, revolto. É o vento da desgraça.
Na loja todas as roupas são brancas. É essa sua especialidade, vender roupas brancas. A patroa, exigente, confere peça por peça a fim de ver se não sujou nada. Todos os dias ela faz tudo sempre igual.
Mas aquele vento la fora...
O sol bate nas roupas brancas e ofusca a visão daquela mocinha feia que tem que fazer careta pra conseguir enxergar.
O vento entra dentro da loja de supetão. Entrou com força e desavisadamente e balançou todas as peças que estavam dependuradas. E junto com ele a poeira. Muita poeira. A moça tem que fechar os olhos lacrimejantes por culpa de toda aquela terra. Um pó fino e vermelho.
Tudo agora tem um tom alaranjado de sujeira. O vento saiu da loja como entrou. Sem avisar ninguém.
A nossa mocinha não consegue pensar. Tudo é sujo. Nada mais é branco como devia.
O sol começa a se esconder também, deixando tudo mais alaranjado.
Ela passa a ponta do dedo em cima do balcão e a olha desesperada. A patroa vai chegar, vai gritar, vai cobrar, vai xingar. As lágrimas também são desesperadas.
Jurema tem tanto medo.
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