segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Mas eles são todos iguais.


- Já falei que não é para você conversar com aquela gente.
-Mas mãe...
-Já falei para esperar na porta da escola que eu busco, essas ruas são muito perigosas.
-Eu já tenho quinze anos, todos os meus amigos vão para a escola andando.
- Nem os dedos das mãos são iguais, porque é que você quer ser igual aos outros?

O garoto não entendia essa metáfora dos dedos e das mãos, trancava-se no quarto, triste, sofrendo, como todo adolescente deve fazer, e por esse motivo tão desimportante. Isso era o que pensava a mãe. Ele não estava triste, sorria sozinho, trancado no quarto para ficar mais à vontade com seus próprios pensamentos. Porque resolvera entrar naquele lugar? É verdade... Os amigos o desafiaram. Ele entrou com as pernas tremendo, devagar, passo por passo. Andou pelos corredores escuros, muitas portas trancadas naquele sobrado velho, de pintura desbotada. Os adultos não comentavam perto das crianças o que acontecia ali. Mas eles que não são mais crianças e não chegaram a adultos são corajosos demais para seguir sua própria curiosidade. Uma porta aberta, uma mulher nua, um sorriso, um beijo, uma mão, um seio, o outro, calor...

Vinte minutos. O garoto encontra os amigos com um sorriso enorme no rosto.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Resiliência.


Caminhando em direção à escola, semana passada, fui atacado por um passarinho. Não me machucou, mas o susto veio. Era sexta feira, dia das bruxas, poderia ser algum sinal do sobrenatural. Na verdade pensei que o motivo desse ataque fosse um ninho, escondido nos arbustos que enfeitavam a fachada de uma clínica psiquiátrica. Ri sozinho de como a natureza é esperta.
Anteontem, segunda feira, repeti o caminho. Fui atacado novamente. Dessa vez o passarinho foi mais ousado e acertou minha cabeça com suas garras. Doeu um pouco, fiquei assustado de novo, mas resolvi não maldizer nada, apenas me propus a mudar o caminho.
Ontem fiz o mesmo caminho, me esqueci do passarinho alucinado, talvez esse esquecimento venha da minha aversão a mudanças. Admiro a rotina.
Um novo ataque, desta vez, bastante agressivo. Minha cabeça sangrou. Minha raiva é tão vermelha quanto meu sangue.
Hoje comprei alpiste e veneno.
Ofertas e promoções de notebook, camera digital, iPod, computadores, etc