terça-feira, 12 de maio de 2009

"Quando eu crescer, quero ser feliz como a Barbie!".


Lucinha sempre ficava tensa quando falavam em casamento. Sentia uma dor semelhante a um beliscão forte no mamilo quando lhe falavam que ela iria crescer, virar uma mulher linda, se casar, ter uma linda casa na qual cozinharia e lavaria e limparia para um homem que com o tempo poderia chegar até a dobrar de tamanho e claro, dois lindos filhos hiperativos. Lucinha ainda era uma menina de apenas sete anos e não sabia nem o que poderia acontecer dali a cinco minutos, quanto mais o que poderia acontecer anos depois.
Nessa época um circo passou pela cidade, ficou uma semana e depois foi embora.
Vinte anos depois Lucinha é lésbica. É também motorista de caminhão. Lucinha não confessa a ninguém que dorme com uma meia enfiada na cueca imitando o que poderia ser um pênis.
O vizinho evangélico a chama pelas costas de "a mulher barbada".

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