E se eu não quiser falar com Deus e fugir da luz e me enterrar na escuridão que há dentro de mim... E se nesse escuro eu caminhar noites e mais noites, aos tropeços e arranhões, na busca do que não sei. Não mais haverá dias.
As manhãs são felizes demais para que eu possa suportá-las e me escondo na noite porque ela me protege, todos são pardos, mas na noite que existe em mim não existem outros gatos.
Existem sim... Quem está aqui? De forma obscura consigo identificar. Sou eu quem está aqui. Estou em partes, dividido em diferentes pessoas, alguns outros eus meus. Por isso me perco por caminhos ininteligíveis. Não sei quem devo ser, se é que devo algo e nem qual de mim posso mostrar ao mundo. Não sei quais vontades ter.
Quero fingir para todos minhas as minhas caras numa só e me afastar do mundo, me tornar impessoal, impassível, sem gosto... E quando finalmente eu e os meus outros estivermos sozinhos, vou saber o que não queria.
Eu sou Deus e por isso mesmo dono de mim e dono do meu caminho. Se erro pouco tem importância, afinal, não vim à vida para vitórias. É na dor da derrota que se descobre nossa verdadeira função no jogo. Mas é tudo inútil. Existe uma verdade que me impede de levar meus pensamentos para um final menos doloroso: Deus não erra.
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