domingo, 20 de maio de 2007

Intimidades


O caderno com algumas folhas escritas deixado sobre a mesa desorganizada. Um lápis com a ponta quebrada ao lado. Jacinta saíra atrás de algum apontador. Engraçado, nunca se habituara a escrever com canetas. Apenas o lápis. Talvez algum resquício da infância dentro de sua cabeça.
Agora era a mulher madura em quem o vestido vermelho caía muito bem. Era de bom tecido, tinha um bom corte e o que mais importava: o marido gostava que ela usasse esse vestido.
O que o marido nunca revelara era o porque de tanto gostar desse vestido, mas agora não será mais segredo. O tesão que se despertava nele vendo ela tão bonita era que fazia esse gosto. E hoje, vendo ela meio abaixada, a bunda meio empinada, o vestido vermelho...
O sexo foi inevitável. Ali mesmo encostados no armário onde ela procurava o apontador na posição fatídica. O gozo do homem e da mulher de quarenta anos, sozinhos, livres. Não eram apaixonados, se amavam, mas de forma branda e constante. Nada de demonstrações de carinho em público ou declarações exageradas de amor. Alguns até diziam que eles não se gostavam. Ninguém sabia que era nessas horas que eles mais eram felizes e mais cúmplices um do outro.
O apontador já não interessa mais. O diário esquecido em cima da mesa esperando que essa aventura lhe chegue nas páginas brancas que ainda restam. Mas não agora.

Nenhum comentário:

Ofertas e promoções de notebook, camera digital, iPod, computadores, etc