domingo, 28 de outubro de 2007

Frango caipira em porcelana de Limoges.


O cheiro do frango vazava pelas janelas da cozinha. No quintal, os amigos reunidos bebiam uma cerveja enquanto o outro amigo cozinhava aquele frango. Era caprichoso. Todos ali depositavam esperanças nele. O pai, a mãe, a irmã, o namorado da irmã, a própria namorada. Os amigos não têm voz. Não devem falar se ficou ruim. Apenas que ficou muito bom. A verdade é que nenhum deles faz isso, mas são amigos, fazer o que? Foram escolhidos. A namorada também foi escolhida. Todos gostavam dele e o mais importante, ele também de todos. E mais importante ainda: a namorada era bonita. E muito mais importante ainda: batia nela. O cunhado, irmão da namorada não era boa gente. Ele nunca gostou dele. Um gordinho bicha que não valia nada. A família dela ele respeitava. O irmão não. Bateu nele. Na verdade mandou matar. Ela coitada não sabia disso. Chorou desesperadamente verdadeira. A morte não deu certo. O gordinho ficou aleijado. Anda de cadeira de rodas. O tiro foi na cabeça. Ficou bobo. Não sabe conversar, não sabe andar, não sabe fazer mais nada. Ele sabia fazer algumas coisas antigamente. Ele nem sequer se lembra que existe um cunhado que o odeia e sorri toda vez que aquele rapaz simpático lhe chega. A verdade é que ele sorri pra todo mundo...

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