São sete horas da noite e Alfredão bebe uma cerveja. É a rotina. Todos os dias ao final do expediente ele passa pelo Bar do Zanão, toma quatro garrafas e vai para casa relaxado e pronto pra descansar. Alfredão é mecânico. Aos sábados e domingos não bebe apenas quatro garrafas, porque afinal são dias para se aproveitar a vida.
- Eu gosto é de buceta.
Fedão fala isso todo dia invariavelmente, mudando a conotação, ou talvez a forma com que a sentença é inserida no discurso. Fedão é para os íntimos. Mas todos podem chamar de Fedão porque intimidade é um valor bastante deturpado para quem gosta de fazer as declarações que esse faz.
- Chupo mesmo, até desfazer o grelo! (Risadas histéricas, masculinas.)
Alfredo Silva dos Reis segura o copo americano com suas mãos sempre sujas de graxa, por mais que as lave nunca ficam limpas completamente, enquanto olha para uma mulher que passa ligeira na frente do bar mas do outro lado da rua. Ela deve ter uns trinta e cinco anos, gordinha, bermuda justa, rebolativa. Ele tem trinta e nove, barriga, bigode, careca, calça rasgada suja de mais graxa e óleo meio caída na cintura, regata, boné.
- Se eu pego essa dona eu deixo ela bamba, vai ver o que é rola de verdade. (Risadas e quase gritos. Alfredo tem muitos amigos no bar.)
Fedão come um espetinho de carne de porco, bebe sua quarta e última cerveja dessa quarta feira e vai para sua casa, que já são quase nove e meia. Os amigos se despedem. Alguns também vão embora enquanto outros provavelmente ficarão ali até um pouco mais tarde. Fedão chega logo em casa, fica perto, a bicicleta ajuda a fazer o caminho mais rápido. Entra pelo portão, tranca o cadeado, guarda a bicicleta. Alfredo mora sozinho, a casa é sempre uma bagunça que não o incomoda, visto que ele mesmo tenta arrumar muito raras vezes. Vai para o banheiro. A roupa fica jogada em cima de uma pilha de revistas pornográficas antigas, sujas e bastante vulgares. O banho dura no máximo quinze minutos.
Veste uma cueca velha e está pronto para dormir. É ali no quarto escuro, deitado na cama encostada na parede, virado para o canto quase escondido que ele, Fedão, se sente confortável na sua masturbação. Ele sempre se imagina sendo possuído por diferentes tipos de homens. O de hoje é mais forte que ele, mais alto que ele, mais viril que ele, tem um bigode maior, é mais careca, mais barrigudo, tem um pinto maior.
- Eu chupo tudo.
E na manhã seguinte enquanto os pássaros cantam Alfredinho, sua mãe sempre o chamou assim, pedala até a oficina em que trabalha, com um sorriso no rosto, cumprimentando as pessoas conhecidas que passam pela rua.
No peito um misto de amargura e autonegação.
- Eu gosto é de buceta.
Fedão fala isso todo dia invariavelmente, mudando a conotação, ou talvez a forma com que a sentença é inserida no discurso. Fedão é para os íntimos. Mas todos podem chamar de Fedão porque intimidade é um valor bastante deturpado para quem gosta de fazer as declarações que esse faz.
- Chupo mesmo, até desfazer o grelo! (Risadas histéricas, masculinas.)
Alfredo Silva dos Reis segura o copo americano com suas mãos sempre sujas de graxa, por mais que as lave nunca ficam limpas completamente, enquanto olha para uma mulher que passa ligeira na frente do bar mas do outro lado da rua. Ela deve ter uns trinta e cinco anos, gordinha, bermuda justa, rebolativa. Ele tem trinta e nove, barriga, bigode, careca, calça rasgada suja de mais graxa e óleo meio caída na cintura, regata, boné.
- Se eu pego essa dona eu deixo ela bamba, vai ver o que é rola de verdade. (Risadas e quase gritos. Alfredo tem muitos amigos no bar.)
Fedão come um espetinho de carne de porco, bebe sua quarta e última cerveja dessa quarta feira e vai para sua casa, que já são quase nove e meia. Os amigos se despedem. Alguns também vão embora enquanto outros provavelmente ficarão ali até um pouco mais tarde. Fedão chega logo em casa, fica perto, a bicicleta ajuda a fazer o caminho mais rápido. Entra pelo portão, tranca o cadeado, guarda a bicicleta. Alfredo mora sozinho, a casa é sempre uma bagunça que não o incomoda, visto que ele mesmo tenta arrumar muito raras vezes. Vai para o banheiro. A roupa fica jogada em cima de uma pilha de revistas pornográficas antigas, sujas e bastante vulgares. O banho dura no máximo quinze minutos.
Veste uma cueca velha e está pronto para dormir. É ali no quarto escuro, deitado na cama encostada na parede, virado para o canto quase escondido que ele, Fedão, se sente confortável na sua masturbação. Ele sempre se imagina sendo possuído por diferentes tipos de homens. O de hoje é mais forte que ele, mais alto que ele, mais viril que ele, tem um bigode maior, é mais careca, mais barrigudo, tem um pinto maior.
- Eu chupo tudo.
E na manhã seguinte enquanto os pássaros cantam Alfredinho, sua mãe sempre o chamou assim, pedala até a oficina em que trabalha, com um sorriso no rosto, cumprimentando as pessoas conhecidas que passam pela rua.
No peito um misto de amargura e autonegação.
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