domingo, 4 de abril de 2010

Centro de Atenção Psicossocial.


Naná acordou por volta das nove e meia nesse domingo de páscoa meio ressaqueada graças a quatro batidas de maracujá com vodcka paraguaia mas que o dono do bar dizia ser russa e legítima. O ovo solitário tá esperando no armário do quarto. Ela mesma que comprou, que esses tempos de papai comprando chocolate às baciadas já se foi. Mamãe morreu faz tempo. E o Cristo também. Mamãe descansa. O Cristo coitado...
Naná sempre vê a vida com delicadeza e simpatia. Mentira. Ela é impaciente e antipática mesmo, mas talvez assim seja melhor do que viver achando que foi rapitada pelos ursinhos carinhosos e levada para morar numa nuvem. Cor-de-rosa. Com essa natural beleza de vida Naná começa a ouvir a fanfarra invadindo sua casa. Os tambores e os pratos e os apitos e as cornetas e os trompetes vão surgindo de todos os lugares. E são adolescentes. Os tocadores, não os pratos. Nem os tambores. Nem todo o resto. E a vontade súbita é de sair correndo feito uma baliza louca, de calcinha e sutiã com a teta esquerda escapando para fora, mordendo forte com os belos dentes que Deus lhe deu, as vezes tentando gritar mais alto do que todo o barulho do mundo é sentida.
Naná se controla. Nem todos os instintos podem ser seguidos inconsequentemente.
O barulho acaba.
Naná vai lavar a louça.
Hoje é domingo. Claro. Redundante.
O ovo fica para mais tarde.
Naná trabalha no Caps. Ela abraça os doidinhos. Eles se aquecem com ela.

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