terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Surpresa?


Quando Hans Staden voltou para a Europa depois de ter passado anos como cativo dos Tupinambás, aconteceu-lhe algo que poucos amigos íntimos perceberam. Na verdade amigas. Não queria mais ver mulheres nuas. A nudez tornara-se banal a seus olhos. Não sentia nenhum prazer em ver um seio descoberto. Isso aconteceu comigo de certa forma. Há dez anos.
Fui habitué de uma boate que ficava próximo ao centro da cidade. A música era ruim, mas a cerveja gelada era servida em copos grandes por moças nuas. Os clientes eufóricos engoliam de cada vez meio litro de cerveja, como fazia calor lá dentro. Como elas eram sedutoras, insinuando-se para todos com sorrisos largos em seus lábios vermelhos. Quando sentiam sua teia se mexer, essas viúvas negras carregavam suas presas para algum dos vários quartos que havia ali, todos muito limpos e bastante simples. Uma cama e uma mesa. Nessa hora todas eram bastante objetivas. Meia hora depois desciam já de banho tomado, colônia renovada e mais batom nos lábios. Os clientes satisfeitos não queriam mais bebida, pagavam suas contam e saiam para a rua olhando para os dois lados com olhares baixos, desconfiados.
Nunca tive dinheiro para subir com uma delas para os quartos, nem sabia como eram. Sentava-me ali, tomava duas ou três cervejas e assistia àquela movimentação bastante curioso. Esforçava-me para não perder nenhum detalhe, desde um sorriso torto de desgosto até uma mão despudorada na coxa. Quando acabava de beber pagava o que devia e caminhava até minha casa que era perto dali. Tomava um banho e imaginava as noites de sultão que passaria ali se tivesse um salário pelo menos três vezes maior. Gozava, dormia, levantava, trabalhava e depois mais uma vez no bar. Tornei-me amigo da dona e das meninas que me tratavam com gentileza absoluta apesar de sempre estranharem minha abstinência. Com o tempo perdi o tesão. Tudo ficou natural demais.
No começo com os domingos. Era o dia de descanso das meninas e dos clientes que passavam as noites com suas famílias cochilando na frente da televisão enquanto a mulher e os filhos disputavam quem gritava mais. Isso não acontecia comigo. Depois comecei a gostar da folga que me despertava uma pouco de saudade. Kátya, Sabryna, Flavya, Crys, Byanca e Helena. Talvez não fossem seus verdadeiros nomes, o que nunca me importou verdadeiramente, pois para mim tudo aquilo era verdade. A maior verdade era Helena.
Mulata, corpo miúdo, dentes brancos, peitinhos firmes que apontavam indiferentes para o horizonte, a bunda mais linda que já pude ver em toda minha vida. Apenas um defeito: já veio nua. Não tinha a beleza poderosa daquela outra Helena, a de Tróia. Os impérios não iriam se guerrear por seu sorriso. Até usei essa história em uma cantada totalmente mal sucedida. Sorriu-me com desdém e sentou-se no colo de outro. Achou que estava bêbado demais nesse dia.
_ Você ta muito chato!
Resignei-me.
Só depois de duas semanas é que fui perceber um sorriso diferente em minha direção e me fechei. O sorriso foi ficando mais largo e eu fugi. Fiquei uma semana sem visitar meu refúgio idílico. Não agüentei mais que essa semana e quando voltei fui recebido quase como um herói de guerra, recebido com sorrisos e reprovações. Como pode um amigo sumir sem mandar nenhuma notícia. Todos ficaram preocupados, o que confesso me deixou bastante lisonjeado. Helena não sorriu para mim nessa noite. Ocupou-se com um gringo do qual tinha esperanças de arrancar bastante dinheiro e em troca o que lhe daria? Todo o seu amor. Olhava-me com certa raiva.
Quando já estava saindo ela veio até mim, estendeu a mão, me entregou um papel e não disse uma sequer palavra. “Domingo. Sete horas em ponto.”
Fui embora com o papel no bolso da camisa e esqueci-me dele ali.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Mas eles são todos iguais.


- Já falei que não é para você conversar com aquela gente.
-Mas mãe...
-Já falei para esperar na porta da escola que eu busco, essas ruas são muito perigosas.
-Eu já tenho quinze anos, todos os meus amigos vão para a escola andando.
- Nem os dedos das mãos são iguais, porque é que você quer ser igual aos outros?

O garoto não entendia essa metáfora dos dedos e das mãos, trancava-se no quarto, triste, sofrendo, como todo adolescente deve fazer, e por esse motivo tão desimportante. Isso era o que pensava a mãe. Ele não estava triste, sorria sozinho, trancado no quarto para ficar mais à vontade com seus próprios pensamentos. Porque resolvera entrar naquele lugar? É verdade... Os amigos o desafiaram. Ele entrou com as pernas tremendo, devagar, passo por passo. Andou pelos corredores escuros, muitas portas trancadas naquele sobrado velho, de pintura desbotada. Os adultos não comentavam perto das crianças o que acontecia ali. Mas eles que não são mais crianças e não chegaram a adultos são corajosos demais para seguir sua própria curiosidade. Uma porta aberta, uma mulher nua, um sorriso, um beijo, uma mão, um seio, o outro, calor...

Vinte minutos. O garoto encontra os amigos com um sorriso enorme no rosto.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Resiliência.


Caminhando em direção à escola, semana passada, fui atacado por um passarinho. Não me machucou, mas o susto veio. Era sexta feira, dia das bruxas, poderia ser algum sinal do sobrenatural. Na verdade pensei que o motivo desse ataque fosse um ninho, escondido nos arbustos que enfeitavam a fachada de uma clínica psiquiátrica. Ri sozinho de como a natureza é esperta.
Anteontem, segunda feira, repeti o caminho. Fui atacado novamente. Dessa vez o passarinho foi mais ousado e acertou minha cabeça com suas garras. Doeu um pouco, fiquei assustado de novo, mas resolvi não maldizer nada, apenas me propus a mudar o caminho.
Ontem fiz o mesmo caminho, me esqueci do passarinho alucinado, talvez esse esquecimento venha da minha aversão a mudanças. Admiro a rotina.
Um novo ataque, desta vez, bastante agressivo. Minha cabeça sangrou. Minha raiva é tão vermelha quanto meu sangue.
Hoje comprei alpiste e veneno.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Uma absurda melodia.




"Corre menina, corre que vai se atrasar. "


E lá saía ela, uma mochila nas costas os cabelos soltos, os anéis castanhos, quase revoltos, um cheiro de lavanda. Limpinha. Corria para o ônibus. Coisa mais sem poesia na vida é andar de ônibus, mas não para um rapaz que estava ali naquela hora. Barbara chega apressada e se joga ao seu lado. O decote displicente mostra o seio branco, franco, macio. Isso é poesia. O sorriso dela não percebe a alegria dele. Barbara desce antes e corre.


O coração do menino correu junto. Pena que não a alcançou.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

E se depois de tudo que vivemos viesse o arrependimento?




15 de outubro. Quando Margarida se levantar vai se sentir com cem anos. E realmente os tem. É o seu aniversário. Cem anos é muita coisa e ela vai saber durante o dia todo o que é tê-los. Não vai comemorar o aniversário, aliás, já faz bastante tempo que não comemora nada. Apenas espera. Não é infeliz e não se sente mau com a idade. À partir de um tempo a vaidade não nos persegue mais. É feliz à sua maneira, apenas, simplesmente, não vê motivos para comemorar. Sozinha, irá fazer festa pra que? Vai ficar o dia todo tentando se lembrar do dia em que conheceu o falecido marido, num parque de diversões em uma cidade do interior. Dessas cidades quentes do interior. Vai tentar se lembrar de que cor era a camisa que ele estava usando, o cheiro da colônia, o toque do vestido novo sobre a pele nova. Vestido de domingo. Não conseguirá se lembrar de muita coisa. Não consegue encontrar na memória a primeira música que ouviram juntos. O algodão doce não deixou o gosto na boca. Também, tanto tempo depois. Tudo é difícil demais. Aquele foi um dia feliz. Hoje vai ser um dia normal. E quando se deitar vai sorrir, lembrando dos olhos azuis do marido morto. O resto não vale lembrar.

Não vai ter dia 16.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Saninha.


Minha avó varre o quintal. É um quintal pequeno, sem muita sujeira, apenas algumas folhas que caem da árvore da calçada da vizinha. Todas as manhãs. Conversa com alguém que passa na rua. O sol está morno nessas horas, não ofende a pele enrugada. Muitos anos. Muito mais rugas do que anos. Minha avó se parece com uma ameixa seca. Tem cheiro de gente velha. É desonesta com o banho.
Na cozinha minha tia faz um café. Solteirona, sozinha. Ficou assim para tomar conta da mãe velhinha, tadinha. Não planejou isso, mas é bom que seja assim. Em troca de que viver tanto tempo? Para contar o que viu de bonito e de feio? Talvez seja pra rezar baixinho pelos seus treze filhos.
Minha avó cochila na frente da televisão. Todos os dias.

Talvez realmente Deus não exista.


Sofre de amores que só ele pode sofrer. Dividir a dor é feio. Bonito mesmo é rir todo mundo junto.
_ Pois não!?
_ Dois pães.
( Um minuto. Uma velha com uma bengala pega um saquinho de leite. Tipo C.)
_ Mais alguma coisa?
_ Não. Obrigado.
O homem paga a conta. Leva dois pães porque não tem com quem dividir. Mora só. Não tem amigos. Família nenhuma. Não tem namorada. Está apaixonado pela prostituta que pegou há duas semanas. Travesti. Os dois pães são por causa da gula.
A balconista recebe o dinheiro trocado com um sorriso automático no rosto. O homem vai embora. A camiseta tem um furo nas costas.
_Coitado.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

De quando tudo foi ficando escuro.


Um dia um menino de cabelo moicano cruzou com um menino gordo que passava pela calçada. Não se olharam.
Outro dia um menino de cabelo raspado foi apresentado pelas amigas ao amigo gordo delas. Não conversaram.
Teve uma vez em que um menino de cabelo bem curto foi à casa de um menino gordo. O menino gordo não deu muita atenção. Até deu atenção sim, apenas não satisfez o menino de cabelo curto.
Muito tempo passa muito depressa. Outros tempos resolvem passar muito devagar. Depende das nuvens. Quando é dia de sol, com nuvens brancas e brisa quente o tempo passa rápido. Quando chove cinza pela terra toda, o tempo vai lento. Ainda não se sabe o porquê, mas pode estar relacionado com a tristeza, mas quem diz isso são os psicólogos. Os astrólogos dizem que são os astros. A vizinha velha, chata e fofoqueira fala que é frescura.
Quando o menino gordo resolveu partir um menino de cabelos pretos ficou muito triste. O menino gordo chorou. E chora.
O tempo? Parou. Chove todos os dias.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Sísmico.


Não doutor, eu só fiz até a quarta série mesmo, mas sou muito bom de conta. Quem disse isso foi o pedreiro Josué em uma conversa com Dr. Ricardo. Foi contratado para construir a grande casa do médico que sente uma pontada no coração ao ouvir a sentença. Deus nos proteja!
Josué sempre foi pedreiro. Não tem memória anterior. É tão pedreiro... Tão pedreiro... Que... Não sabe se explicar.
Josué junta dinheiro. Sonha em viajar. Não sabe o lugar ainda. Quer ver grandes construções, prédios antigos, tudo diferente do que já viveu. Isso não vai acontecer.
Josué queria mesmo era ver um terremoto.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Francesinha.


São grandes mãos que me perseguem. Mãos sujas, com unhas pontudas, que me ferem e me rasgam. Mãos que me levam todos os meus sonhos, que me sufocam. Tento respirar e não consigo. São mãos sem dono, sem voz, sem cara. Uma preta e uma branca.
Acordo.
Respiro.
Levanto-me e faço um café. Tomo meu banho, troco minha roupa. Estou pronta para mais um dia de trabalho.

Sou manicura.

terça-feira, 24 de junho de 2008

... fatos propícios a estados de solidão.




Eu acredito em Deus.
Quando me lembro.
E lhe peço coisas que não posso conseguir com meu esforço parco.
E lhe peço as coisas que são realmente necessárias.
Meu Deus é bom comigo e me guia e me aprova até mesmo no que eu faço de errado. Isso porque é o meu Deus. Fui eu quem o criou.
E se eu fosse ateu?
Será que se eu fosse ateu eu não pediria nada?
E se eu fosse ateu e tivesse uma filha com câncer terminal?
Ela tem quatro aninhos.
Doentinha.
É tão bonitinha. Fresquinha. Linda.
Mas eu não sou ateu.
Eu não tenho uma filhinha.
Quanto ócio, meu Deus!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Guilherme e o pó de pirlimpimpim.


_Terás seios fartos e carregarás a marca do Oriente.
Estas foram as palavras da fada madrinha, abençoando o bebê recém-nascido, envolto em panos brancos, todo rosadinho, todo novo, todo em branco, como folhas de papel branco.
Enfrentamos aqui o começo do problema: a fada é cega coitada. Já carrega seus oitenta e nove anos e há muito fora vítima de um glaucoma. Mas as fadas sempre são muito exotéricas e essa sempre confiou em sua intuição feminina e de ente mágico.
Falha.
O bebê era um menino. Coitado. Não fugiria nunca de seu destino. Depois que uma fada disse o que iria acontecer nada poderia ser mudado. Nada.
Sempre fora parecido com uma menina. Muito parecido. E se dava muito bem com as meninas de verdade. Brincava com elas, de casinha, ele sempre era a mãe. Uma vez quis ser a empregada que tinha um caso com o patrão. Sim. Ele assistia a muitas novelas.
A vida corria interessante. Aos doze começou a tomar hormônios escondido dos pais. Hormônios femininos. Como conseguira fica escusado de esclarecer. O peitinho começou a crescer. As formas ficaram mais arredondadas. Começou a se orgulhar muito de suas pernas. Pensava nelas dançando em seu baile de debutantes todo cor de rosa.
O primeiro namorado veio aos dezesseis anos. Era o ajudante de pedreiro que trabalhara na reforma da casa dos pais.
O silicone aos dezenove. Foi com essa idade também que fez o primeiro programa. Não era na televisão. E ganhou pouco, no máximo quinze reais. Mas chegou a pensar que teria um futuro brilhante. Não teve.
Nunca foi à Itália, não morou em Milano, não conheceu nenhum belga rico, não desfilou no carnaval do Rio de Janeiro.
Em compensação viciou-se em crack. Adorava fazer, quando louca, sexo com os menininhos. Era assim que ela chamava os mini-traficantes da droga que encontrava. De pedra. Literalmente. Foi nessa época que teve que operar as hemorróidas. Isso porque trepava entorpecida e não sabia se o que estava sentindo era um pinto adolescente bem desenvolvido ou simplesmente um pedaço de cano de p.v.c.. Às vezes era pau mesmo.
Feliz.
Desintoxicou-se depois de perceber que ja tinha perdido três de seus dentes. Os que sobraram não durariam muito tempo. Savanah! Era esse seu nome. Sempre gostou de nomes exóticos. Já foi Mitiko em um carnaval em que fantasiou-se de gueixa erótica. Mas isso é passado. E dessa fase guarda apenas as fotografias. Prefere a presente situação de dona de casa. Sim, casou-se. Ele é o Jorge. Pedreiro. Fetiche. Dedicado e trabalhador. Ex-usuario de crack. Queria ser evangélico.
Agora ri sinceramente, o seu riso falho, meio simiesco (até que combina bem com o nome) toda vez que o marido lhe compra um pote de água oxigenada volume quarenta e um saquinho de pó descolorante.
A vida é tão mágica.

sábado, 15 de março de 2008

Asfalto molhadinho de chuva não tem cheiro de terra enchuvada.


Chove todo dia.
A chuva carrega o tédio dentro de suas nuvenzinhas. Mas limpa tudo!
Você que é sujo de natureza não entende o que é limpeza de água!
Quero descansar meus pés na terra molhada.
Mas isso é só querer. O cimento me cerca! E é daqueles cimentos que não permitem terra ao seu redor. Não tem flor.
Eu me lembro que no meio do mato havia muitas flores.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Preguiça é pecado.


Sempre sentia sono às quatro da tarde. Não sabia o porquê, mas sempre chegava uma preguiça por essas horas. Levantou-se do sofá e foi até à cozinha, ia beber um copo d'água e subir para o seu quarto. Dormiria. Desistiu. A escada lhe dava preguiça. Eram três lances, ao todo 19 degraus. Sentiu mais preguiça, dezenove vezes mais preguiça. Resolveu fazer um café.

Colocou a água para ferver, preparou a garrafa, o pó, o coador, o filtro de papel. Gostava daquele pó que a mãe comprava sempre. Tinha uma cor boa: marrom muito forte, e tinha um perfume de... Café!

Enquanto esperava a água ferver lembrou-se de uma vez, quando ainda era menino, batera em outro menino na escola. O outro menino não tinha um braço. Nem lembrava mais o nome do outro menino. Lembrava que fora o outro menino quem começara a briga: "Viadinho".

Fosse hoje não se preocuparia com tal ofensa.

O café não ficou bom. Gosto forte de vergonha antiga.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Sobre namoros e pomares.


Um rapaz passa em frente a casa verde de número 210 apressadamente. Não lhe interessa o que acontece dentro dos muros verdes daquela casa. Segue seu destino, obstinado e ansioso. Se lhe interessasse abrir a porta e entrar veria e ouviria muita coisa. Uma mãe que fritava peixe e que perfumava a casa toda com alho e pimenta. Um filho que lhe ajudava fazendo um molho qualquer. Um pai que joga cartas virtuais no computador, praticamente hipnotizado. Se prestasse bastante atenção veria um amigo do filho cochilando na sala, fingindo assistir a um filme.
De repente a cena muda. A mãe já não frita mais os peixes e sim os saboreia com o molho qualquer que o filho fez, porque ele sabe fazer um molho qualquer como ninguém. O amigo busca a cerveja gelada e serve os copos. A mãe sempre que bebe lembra das histórias da infância, num tempo que já passou há muito, mas que ela acredita não ser tanto. Lembrou-se dessa vez que uma prima mais nova havia enfiado uma semente de laranja no nariz em uma certa ocasião. O riso histérico, longo. O amigo pergunta: "E tirou?"
A mãe até quis responder que não, que na verdade o ranho do nariz é muito fértil e que a laranjeira brotara. Dava duas laranjas por estação.
"Tirou sim, Graças a Deus."
O filho bebe, o amigo bebe, a mãe bebe. Todos riem de outras histórias sem sementes. O pai continua inerte no computador. A poucos quarteirões dali o rapaz chega à casa da namorada. Era esse o destino. O motivo da ansiedade? Saudade. O que ele não sabe é que dentro de quarenta minutos vai fazer o caminho de volta, passando de volta em frente ao 210 verde. A namorada vai terminar tudo: "Você me sufoca!".
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